segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Os exames

        Não consigo parar de pensar nos exames …
Quem sabe se é por estarem por aí quase a baterem-me à porta?
        Continuam sempre presentes!

Mas não entendo!
Algumas das frases mais típicas dos professores aos seus estudantes, quando a data dos exames, se aproxima são invariavelmente, ou melhor, têm sido sempre ao longo dos meus anos de estudante:
 - “Não se esqueçam de estudar com antecedência, pois deixar para a última hora, não resulta.”
- “Quando estiverem no exame, leiam primeiro as perguntas todas com clama, têm muito tempo!”
-  “Vão ver que o exame não é difícil!”
Mas porquê, pergunto eu?
Estudamos com antecedência, muito, muito antes da data do exame, mas com todos os trabalhos que temos para realizar e toda a matéria que é dada num único dai… Por mais que nós comecemos a estudar no primeiro dia de aulas, chegamos perto da data e já quase não nos lembramos de nada.
Apesar de termos tempo, aparentemente suficiente para a realização do exame, este consegue sempre ocupar-nos esse tempo e ainda nos faz chorar por mais. São poucos os exames que acabo com uma margem de tempo razoável. Por isso, se após a finalização do exame o fosse ler todo, precisaria do dobro tempo.
Por vezes há até exames que parecem que não têm fim.
Os exames, para os professores, nunca são difíceis, são sempre muito fáceis. Contudo, verdade é que quando os fazemos encontramos sempre algumas palavras que nunca vimos na vida. E após o exame quando perguntamos ao professor da cadeia:
- “Quando é que demos a matéria da pergunta 37?”
O professor responde-nos:
- “ Ah! Demos essa matéria na aula 20, era do slide 60 na legenda pequenina (aquelas legendas pequeninas as vezes até estão desfocadas e que quase ninguém da importância, dada a quantidade de matéria que se dá nas aulas, se dessemos igual importância a tudo nunca mais acabaríamos de estudar...)”


O mais importante é fazer um grande esforço e estudar bastante para possamos ser bem sucedidos e passar nos EXAMES e assim vermo-nos livre deles.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Não entendo!!

Não entendo!!

As frases mais típicas de um professor quando a data do exame se aproxima é: “Estudem com antecedência porque deixar para a ultima hora não resulta”
Mas porque? Estudamos com antecedência, muito mas muito antes da data do exame, mas como todos os trabalhos que nos são estabelecidos para realizar e toda a constante matéria que se dá num único dia, por mais que nós comecemos a estudar no primeiro dia de aulas, chegamos perto da data e já não nos lembramos de nada.
Mas também dizem  “Quando tiverem no exame, leiam primeiro as perguntas todas com clama, tem muito tempo!”
Sim é verdade até devíamos mas quantos de nós faz isso? Quase nenhum! E porque? Porque apesar de termos muito tempo o exame consegue sempre ocupar nos esse tempo e ainda fazer nos chorar por mais. São poucos os exames que eu acabo com uma margem de tempo razoável. Por isso se lesse o exame todo, que as vezes ate parece que não tem fim. Quando o tempo acabasse ainda iria eu a meio!
 “O exame não é difícil!”
Nunca é difícil, é sempre muito fácil, a verdade é que quando chegamos encontramos palavras que nunca vimos na vida. E após o exame perguntamos ao repetivo professor da cadeia, “Quando é que demos a matéria da pergunta 37?” e professor diz-nos “ahh estava na aula 20, do slide 60 na legenda pequenina” (aquelas legendas pequeninas as vezes ate estão desfocadas e que quase ninguém da importância porque à quantidade de matéria que dá nas aulas, se dessemos igual importância a tudo nunca mais acabávamos de estudar..



sábado, 28 de dezembro de 2013

Noite de Natal

Noite de Natal

A noite de Natal é celebrada em todo o Mundo, embora de diferentes formas devido as diversas culturas existentes no Planeta. No entanto, todas têm o mesmo objeto, que é juntar a família toda e conviverem entre todos.
Na minha realidade, o Natal é passado em Sintra. Nesta altura, a minha família mais chegada junta-se para passarmos mais uma quadra natalícia. Esta união da família já se repete há vários anos e todos fazemos questão que aconteça pelo menos duas vezes por ano. O reencontro dos meus avós do Alentejo, dos meus primos e tios de Lisboa e da minha família do Porto acontece em casa dos meus tios-avós.
Sabe tão bem o tempo que passo aqui. Não é só pelas saudades que tenho dos meus familiares mas é também porque o Natal com crianças tem sempre outro sabor. Não quero com isto dizer que os “crescidos” não o vivam, mas é que o Natal com crianças tem sempre um encanto especial.
Quando chega o dia 24 até eu fico nervosa. Os meus priminhos mais pequenos ficam numa excitação tal que, de cinco em cinco minutos, perguntam “Quando chega o Pai Natal?”, “Falta muito para ele chegar?”, “Ele já devia de ter chegado?”. Não param e não dão descanso.

Quando o Pai Natal finalmente chega, tudo passa. Vai-se a tristeza e o nervosismo deles desvanece e num relance rasga-se um gigante sorriso no rosto de cada um deles. E gritam todos juntos “Viva, viva! Já se pode abrir os presentes.”.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sexta feira 13 (7)

Então, foi a vez de a senhora falar, explicou que ela e o marido iam caminhado pelo passeio quando de repente, me viram cair sem razão aparente e que se aproximaram de mim para me auxiliar.
 Olhei à volta e percebi que estava precisamente deitada à porta de minha casa e reconheci o rosto do meu pai que tinha aparecido nesse instante, dizendo: “Maria desmaiaste de novo! Voltaste a estar sem comer durante algumas horas, sua marota! Já sabes que esses diabetes não perdoam. Tens que ter mais cuidado! Vou dar-te de comer! Vou ter fazer um jantar belíssimo!
O meu pai agradeceu ao casal, levou-me ao colo para dentro de casa e depositou-me sobre o sofá.
Então, contei-lhe como fiz desaparecer as minhas chaves, mas o meu pai não me ralhou e disse-me que se haveria de se arranjar uma boa solução para retirar das chaves. Agradeci-lhe e ele foi buscar-me um prato de comida que devorei fugazmente.
Quando finalmente, tudo ficou mais calmo contei o meu dia ao meu pai e prometi a mim mesma jamais criticar as crenças e superstições de cada um.
No dia seguinte ainda estava bastante zonza, mas preparei-me com a alegria para enfrentar um novo dia de aulas.
Arranjei-me, vesti-me sem grandes preocupações com o vestuário, apenas preocupada em agradar a mim própria.
As minhas prioridades mudaram.
Tentarei viver a minha vida apenas expressando os meus sentimentos e sem querer saber do que os outros pensam. Das minhas atitudes e opções de vida.

Afinal, as sextas-feiras, dia 13, têm algo de especial: há dias horríveis, mas também há dias que nos fazem pensar e mudar.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sexta feira 13 (6)

 Todas as pessoas se movimentavam com calma e autonomamente, mas sempre muito ordenados e cientes das suas funções.
Continuei caminhando por aquelas ruas harmoniosas de luz e de cor.
 No entanto, todos demonstravam ser muito independentes e ter uma vida muito formatada.
Principiei a sentir uma paz interior que me fazia sentir tão bem!
Comecei a ficar fascinada com aquele local que parecia trazer alegria e felicidade.
Todas as pessoas se vestiam da mesma forma, como se fosse uma espécie de uniforme que teriam de usar, oscilando apenas alguns pormenores pormenores.
 Ao contrário no meu mundo, onde as a crianças e os adolescentes pensavam bem no que vestiam, para não serem alvo de gozo pelo seu grupo, porque a população em geral era preconceituosa, comentando e criticando as pessoas apenas pela sua aparência.
 No meu mundo não podia acordar e vestir uma roupa mais ousada ou gótica, sem que fosse tema de conversa de muito boa gente.
No meu mundo continuava a viver muito pegada aos condicionalismos sociais.
No preciso momento em que atravessava uma rua e me preparava para entrar numa grande avenida, tanto ou mais colorida que ruas restantes, senti um leve tremor no braço acompanhado por o som de uma voz estranha que dizia: “Acorda! Acorda! Estás bem? Doí-te alguma coisa? Sente-te bem? Precisas de alguma coisa?” 

De repente, abri os olhos e deparei-me com um senhor que desconhecia e a seu lado uma senhora, que tal como ele olhava para mim com espanto. Enquanto aguardavam algumas respostas da minha parte. Mas em vez de lhes responder, perguntei-lhes o que me aconteceu, porque não estava a perceber nada.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Sexta feira 13 (5)

Comecei a caminhar ao longo da rua de onde surgi.
Era uma rua larga muito colorida e luminosa, tal como todas as plataformas voadoras que me eram dadas a observar.
 Parei junto a um edifício enorme, circular, alto e muito movimentado. Pensei que talvez fosse uma escola com estacionamento incorporado nos últimos andares. Pois imensas crianças e jovens entravam para os pisos superiores nas suas Kombis Voadoras.
Havia inúmeros edifícios das mais variadas formas, cores e imagens diversas.
Parecia que estava no País das Maravilhosas ou a participar num episódio de Desenhos Animados. Pois, eram tanta a cor, luminosidade e movimento que existiam em torno de mim.
Após andar mais alguns metros, agora sem que ninguém parasse para reparar em mim, deparei-me com um outro edifício igualmente movimentado em forma de esfera multicor. Para onde os adultos se dirigiam, sempre conduzindo as suas plataformas voadoras. Era algo poderia ser perfeitamente um ginásio, já que nos pisos inferiores pude ver algumas pessoas a fazer movimentos, para mim, desconhecidos, mas que poderiam perfeitamente serem para exercitar o físico.
Decidi contornar o suposto ginásio, que no piso à superfície da rua era transparente permitindo observar claramente o seu interior. Este era composto por ecrãs gigantes perante os quais os adultos de diferentes sexos se posicionavam em cadeirões individuais que tremiam, uns com muita intensidade e outros aparentemente estáticos.
Para grande surpresa minha não havia passadeiras, nem pesos, nem aparelhos diversos, nada… E ninguém parecia quase comunicar com os seus semelhantes, apenas o essencial, por isso, as ruas estavam silenciosas.
Mas onde teria eu ido parar e como teria aqui chegado?
Tentava organizar as minhas ideias, mas estava tudo demasiado confuso.
Como seria possível perder apenas umas chaves e agora por mero castigo, não sei, vir parar a esta cidade assombrosa.
Aquele local, aquele silêncio e aquelas “abelhas voadoras” que nunca paravam e que encobriam o espaço

Tinha a sensação de há imenso tempo não falar com ninguém, não comunicar e isso incomodavam-me bastante.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sexta feira 13 (4)

Tudo me parecia diferente, tudo, mas tudo mesmo.
 Parecia que até mesmo o próprio tempo tinha avançado, galgando as paredes do tempo cronológico…
Teriam passado cinco anos… dez anos… vinte anos… ou até mesmo trinta anos…
Quem sabe quanto tempo, o tempo teria avançado?
Estaria eu, já no futuro?
Sabia que estava num sítio completamente desconhecido, parecia que o relógio do tempo tinha avançado algumas décadas; duas ou três para a frente.
As pessoas circulavam nas ruas em pequenas plataformas voadoras das mais variadas cores e diversos modelos.
Até mesmo as crianças se deslocavam em mini Kombis voadores muito florescentes e com diversas animações luminosas, dando a entender que cada um personalizava o seu veículo, obedecendo apenas aos seus gostos e preferências.
De repente, senti dezenas de pares de olhos pousados em mim, mas rapidamente afastaram o olhar, como se apenas alguns segundos a observarem-me, fossem suficientes para obterem informação acerca de mim.
Suponho que a curiosidade sobre a minha pessoa deveria se única e exclusivamente, por ser uma criatura ímpar, já que só eu me deslocava sem o apoio de nenhuma plataforma ou qualquer outro meio voador, mas apenas pelos meus próprios meios.
Não conseguia parar de olhar em todas as direções…
Estava impressionada com tudo aquilo!

Tudo era novo para mim!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sexta feira 13 (3)

Jamais conseguiria retirar de lá as chaves!
O meu pai iria a aborrecer-se muito a sério comigo e certamente ficaria algumas semanas de castigo.
Um pensamento veio ter de imediato comigo: Foi vingança, por não acreditar, apesar da morte da minha mãe nesse dia, que à sexta-feira, dia treze, digamos que algo fora do comum poderá acontecer.    
Mas escassos segundos após este pensamento, afastei-o logo da minha mente, não fazia sentido, não me podia deixar levar por estas ideias supersticiosas, que jamais poderiam povoar o meu cérebro.
Passados os primeiros segundos de susto, toquei à campainha uma vez, duas vezes, três vezes… e interruptamente até me doer imenso o indicador da mão direita.
O meu pai não me abria a porta, chamei por ele e até gritei por ele, mas nada. Definitivamente e ao contrário do que era habitual àquela hora, o meu pai estava ausente da nossa casa.
 Nem queria acreditar! De segunda a sexta-feira, o meu pai chegava a casa impreterivelmente às 18 horas. Eram 19 horas! Tinha que estar em casa, senão teria certamente entrado em contacto comigo. Não entendia nada! Liguei para casa e ninguém atendeu. Por fim, como último recurso liguei para o seu telemóvel e a situação repetiu-se, não conseguia falar com o meu pai, estava desligada.
De repente, senti uma forte dor no antebraço, como se algo me tivesse picado.
Sentia uma dor intensa, que percorria o meu todo o meu corpo e que cada vez se tornava mais e mais forte …
Sentia que não ia aguentar mais a intensidade dor… e caí ao chão.
Comecei a sentir tudo a escurecer… Estava tudo tão escuro ao meu redor!
Mas por instantes senti que lá muito ao fundo, mesmo ao fundinho havia algo…
Algo que não consegui descrever, mas que à medida que continuava a olhar a intensidade da luz aumentava… De tal modo, que me encandeou e instintivamente me fez fechar os olhos.
Entretanto, fui sentindo a dor intensa do antebraço a diminuir.
Então, atrevi-me a abrir os olhos e deparei-me algo esplendido.

Contrariamente ao que pensava, não me encontrava à porta de minha casa, mas num local que desconhecia, num local que nunca visto antes.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Sexta feira 13 (2)

Todos os dias mal me aproximava de casa, arranjava sempre forma de trazer à memória a minha mãe. Era mais forte do que eu… Havia sempre algo que me faz lembrá-la pelas suas atitudes; pela forma como falava; pelo que fazia; pelos seus princípios; por tanta coisa…
Mas apesar de tudo e já passaram treze anos, jamais esquecerei aquela sexta-feira, dia 13, apesar da minha terna idade, assisti com apenas quatro anos ao atropelamento da minha da minha mãe mesmo à minha frente, junto a nossa casa. Quando ela atravessava a rua na passadeira, ansiosa por me vir abraçar, após uma ausência de uma semana no estrangeiro em trabalho. Foi devastador!
A tentativa de superação da sua ausência foi terrível. Paralelamente, andei imensos anos com medo de atravessar ruas e quando o fazia tomava todas as precauções inimagináveis.
Logo que me acerquei da porta de casa, comecei a procurar das chaves na minha carteira, que às vezes mais parece um labirinto. Nunca consigo tirar de lá a mão com o que pretendo, sem ter de despejar todo o seu conteúdo. Tento sempre levar pouca coisa, mas quando dou por mim… lá está ela a “abarrotar”.
Finalmente, surgiu-me o que tanto procurava … as chaves de casa.
Fiquei felicíssima como se tivesse encontrado um pequeno tesouro e num gesto de regozijo, lancei as chaves ao ar, como tantas e tantas vezes fazia. Mas ao contrário do que sempre, mas sempre acontecia, as minhas preciosas chaves não caíram, naturalmente nas minhas mãos… mas foram introduziram-se num orifício de um gradeamento metálico instalado no solo, provavelmente de saneamento público.

Fiquei em pânico! Não sabia o que fazer!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Sexta-feria 13

Era sexta-feira 13, para mim um dia igual a tantos outros. Apesar de me fazer lembrar de momentos muito difíceis. Mas mesmo assim…Pois ao contrário de muitas pessoas supersticiosas que temiam este dia, para mim era um dia completamente indiferente.
Invariavelmente, acordava às sete em ponto, sempre cheia de sono e com um humor péssimo. A cama parecia exercer sobre mim uma força suprema. Era mais forte que eu… Não conseguia entender, mas o meu leito não me queria deixar sair.
Simultaneamente, o meu inconsciente ou o meu subconsciente!? Um deles sempre me dizia: “Vais chegar atrasada mais uma vez!” Então, lá me levantava num só salto e lá começava a minha rotina diária: arranja-me para enfrentar mais um dia secante de escola.
Demorava imenso só para escolher a minha toilette do dia. De modo a que não fosse alvo de troça. E mais uma vez, nem no dia 13 mudava alguma coisa na minha vida.
Aulas, mais aulas e aulas…
Será que isto não acaba? Era sempre este o meu pensamento quando estava na escola.
Nesta famosa sexta-feira à hora do almoço tive que voltar a casa, porque me tinha esquecido do trabalho que tinha para apresentar nessa mesma tarde.
E tal era a pressa com que estava que nem tive tempo de almoçar. Mas consegui trazer o trabalho a tempo para a escola e por pouco até nem apanhei falta.
Quando finalmente chegou a hora de regressar a casa, a minha barriga acompanhou - me com um grande rugido, de quem já não via nem sentia qualquer alimento há já algumas horas.
Ao aproximar-me de casa, acelerei o passo consideravelmente. Pois, não conseguia esquecer a minha urgente intenção, de­ satisfazer uma das minhas necessidades fisiológicas básicas.

 Já não conseguia aguentar mais, tinha que devorar o jantar que me esperava. Mesmo sabendo que o cozinheiro de serviço tinha sido o meu pai. Não se  esperava grande banquete, mas algo que me reconfortasse o estômago seria sempre bem-vindo. Nunca tinha sido habituada a cozinhar, mas tive que começar a fazê-lo quando a minha mãe se foi… Teve que ser…

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Porque dizem que a morte é triste?

Porque dizem que a morte é triste?

Quando alguém morre, as pessoas costumam ficar infelizes. Choram a sua perda e algumas pessoas até entram em depressão! Mas porquê? Porque é que a morte tem este efeito nas pessoas, se para mim e para os meus amigos é algo magnifico!
Já morri há cinco anos. Era um dia de verão e eu estava com a minha família na praia. As ondas estavam enormes porque o mar estava bastante agitado e a bandeira vermelha movimentava-se no ar. Nesse dia achei que era o maior. Armei-me em corajoso e entrei pelo mar a dentro e, resultado, morri afogado.
Devo confessar que custou-me um bocadinho não ter tido oportunidade de dizer adeus à minha família, já que tudo foi muito rápido. Mas agora estou muito feliz no céu. Juntei-me a outras pessoas e devo dizer que aqui se está muito bem, todos são muito animados. Passamos o tempo a contar as formas macabras e malucas que motivaram a morte a cada um deles. Há um que morreu quando tentava comer uma sandes de chouriço. Engasgou-se de tal forma que ficou sem ar e morreu. E este é só um exemplo, mas há mais…há tantas historias como estas que de tão estúpidas que são, se tornam divertidíssimas, pelo menos agora visto deste lado.

E é assim, a vida no Céu. Aqui não há tristezas, só diversão.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Um dia com pernas e outro sobre rodas(3)

A cruel verdade ali estava, temporariamente ou definitivamente, aqui os médicos tinham prognósticos diferentes, eu não podia movimentar as minhas pernas, eu não podia experimentar o meu tão desejado e ambicionado presente. Eu não podia andar, correr, saltar ou até simplesmente levantar-me.
Eu estava paralisada da cintura para baixo.
       Transferiram-me para outro hospital, mais vocacionado para pessoas com paralisias, onde fiquei durante um mês.
Foi neste hospital onde comecei a aprender a lidar com as minhas limitações, graças aos excelentes profissionais de saúde que lá estavam sempre que me surgia algum problema e aos meus colegas que estavam também a passar pelo mesmo problema que eu.
Passei por momentos simplesmente horríveis, mas que eram ultrapassados graças ao apoio que tinha.
Mas seria muito difícil para uma qualquer pessoa, neste caso uma adolescente, de um momento para o outro e sem que nada nem ninguém o justificassem, de repente, aceitasse que tinha de ficar, quem sabe para sempre, presa a uma cadeira de rodas.
Passado o tempo de adaptação à minha nova vida, regressei a minha casa, onde encontrei uma cadeira de rodas.
Apesar de ter consciência da minha situação, foi mais um choque para mim… Entrar em casa e saber que a partir daquele momento na minha casa tudo seria diferente. A minha mobilidade estaria para sempre condicionada e limitada.
Os dias foram passado, sempre difíceis, embora uns menos que outros, continuava a não querer aceitar o que o destino, tão injustamente, me tinha destinado.
Para espanto de todos quis regressar logo à escola.
 Os amigos estavam muito presentes e os colegas, pela novidade que era terem agora uma colega de cadeira de rodas, ridiculamente até achavam “engraçado” e então, estavam sempre prontos ajudar a colega da cadeira.


    





quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Um dia com pernas e outro sobre rodas (2)

.No entanto, permanecia deitada, as minhas pernas pareciam estátuas de toneladas peso. Então, indagaram a razão da minha imobilidade. Inexplicavelmente as palavras não queriam sair da minha boca, apenas os meus olhos se encheram de lágrimas… Tentei e com grande esforço lá consegui articular algumas palavras: Não me consigo mexer as minhas pernas.
Os meus pais nem queriam acreditar no que ouviam. Insistiram para me levantar, que estava a brincar com eles e que com coisas sérias não se brinca.
E eu lá continuava deitada… Apenas consegui levantar os braços para acolher os meus pais. Senti que já conseguia falar. Expliquei novamente aos meus pais que não sentia as minhas pernas, não as conseguia mexer um milímetro fosse e
que apenas sabia que elas estavam completamente paralisadas.
 Aquelas dores todas que sentia queriam dizer alguma coisa, mas nenhum médico quis saber, deu valor ou tentou descobrir.
De imediato, ligaram para a emergência médica.
Entretanto, ainda tive tempo de pedir aos pais que desembrulhassem o meu presente de aniversário.
Por breves instantes, quase saltei de alegria ao ver sair do embrulho a minha tão desejada prancha de sky. Mas após este primeiro impacto, dei-me conta da triste realidade e desatei num pranto enorme.
 Rapidamente fui transferida para o hospital sem sequer ter tempo de apreciar devidamente a minha prancha.
 Os médicos ficaram surpreendidos com o meu estado clínico. Não conseguiam perceber o que tinha acontecido.
 Passei os quinze dias seguintes internada a fazer exames médicos e mias exames e ainda mis exames. E claro que os resultados eram sempre os mesmos: inconclusivos. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um dia com pernas e outro sobre rodas

           Um dia com pernas e outro sobre rodas

 Aparentemente era feliz… mas uma adolescente nunca se sente verdadeiramente feliz, mesmo que o seja. Há sempre algo que nunca está bem…
 Tinha dias melhores outros piores e ainda outros… mas podia-se dizer que tinha uma vida boa e feliz.
Era uma rapariga saudável, tinha uma família animada e que me apoiava. Tinha bons amigos que gostavam de mim.
Mas tinha um defeito… gostava de dormir muito. Aos fins-de-semana a minha mãe chateava-se sempre comigo. Pois dormia tanto que tinham de me acordar para almoçar.
        Aproximadamente duas semanas antes da data do meu aniversário comecei a ficar demasiado ansiosa, pois andava há imenso tempo a convencer os meus pais a oferecerem-me uma prancha de sky para poder aproveitar a neve que se instalava todos os invernos, na minha cidade. Os meus pais não concordavam em dar-me o presente que escolhi, mas eu tinha uma remota esperança que pudessem satisfazer.
Por volta desta altura começaram a surgir-me umas dores, muito estranhas por todo o corpo. Fui ao hospital, mas os médicos diziam que não era nada e mandavam-me para casa. Mas as dores permaneciam e cada vez mais intensas. Regressei diversas vezes ao hospital, mas o diagnóstico era inconclusivo, não se entendiam a origem das dores.
Finalmente, o dia dos meus anos chegou…
Estava ainda a dormir quando os meus pais entram pelo meu quarto e me acordaram. Olhei para eles, ainda ensonada e bastante espantada por me terem acordado tão cedo. Então, percebi, ao deparar-me com enorme embrulho que o meu pai tinha nos braços.
 O tão desejado dia tinha por fim chegado…
 Quase instintivamente tentei saltar da cama, mas algo não o permitiu. Fiz um esforço e nada aconteceu. Parecia que uma força sobrenatural me impossibilitava de qualquer movimento.
Passaram-se apenas alguns segundos e os meus pais já me olhavam e incrédulos. Pois, conhecendo-me como conheciam estavam espantados de eu ainda permanecer deitada, em vez de saltar da cama e rasgar freneticamente o embrulho como era meu hábito, sempre que era presenteada. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O diário de um espelho(7)

   16 de dezembro de 2013

Olá, 

O fim do dia, era um dos meus momentos favoritos … o reencontro familiar. Era bom para matar as saudades! Após o jantar, lá em casa todos víamos televisão. Mas nem sempre era assim… Pois, nas noites mais frias havia sempre alguém que se lembrava de fechar a porta. Então, coitado de lá ficava sozinho, a ouvir um ligeiro ruído da TV.

Quando o Jorge fez anos ficou todo entusiasmado. E ficou ansioso por receber os seus presentes. Os pais após alguma indecisão inicial, decidiram dar-lhe uma bola de futebol. Rebelde como era começou logo  jogar dentro de casa, para minha felicidade, permitindo-me assim vê-lo jogar. E como eu gostava de o ver jogar! O rapaz tinha mesmo jeito. Quando num dia perde completamente a noção da força e chuta a bola exatamente na minha direção…naqueles dias em que alguém se lembrava de fechar a porta e eu conseguia ouvir o som da tv muito baixinho.
Chegou os anos do Jorge, ele estava todo entusiasmado. E ansioso por receber as suas prendas. Depois de muita decisão os pais decidiram dar-lhe um bola de futebol e rebelde como ele era começou logo  jogar dentro de casa, eu ate gostava de o ver jogar porque ele tinha mesmo jeito. Quando num dia perde completamente a noção da força e chuta a bola exatamente na minha direção… 

E assim era um espelho.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O diário de um espelho (6)

                                                         15 de dezembro de 2013

Olá,

Como te disse a rotina diária manteve-se...
O primeiro a acordar era o meu pai, que para verificar se estava bem penteado olhava para mim durante alguns breves segundos.
Logo de seguida, aparecia a minha mãe, que olhava demoradamente para mim, virava a cabeça para cima para baixo, para a direita para a esquerda e só deixava de me olhar quando se certificava que a sua maquilhagem tinha sido corretamente aplicada, tem em conta com os seus próprios critérios de beleza.
E era assim que conseguia matar as saudades tinha de lhe poder refletir aquele rosto tão bonito, tão belo, tão perfeito!
Era uma mulher tão jovem, tão elegante, tão deslumbrante! Mas faltava-lhe algo para a fazer brilhar…
Talvez fosse o seu vestuário sempre tão monocromático, tão semelhante, tão sem graça, tão deselegante, tão feio!
Bem lhe tentava dar umas dicas e até mesmo umas pistas para mudar de roupa, mas nem assim ela percebia.
Os meus irmãos continuavam a crescer, mas nem por isso diminuíam as suas traquinices e rebeldias.
E sempre que passavam por mim tocavam-me com aquelas mãos todas gordurentas e sujas. Deixando-me marcas de dedadas e mais de dadas. Não suportava aquilo!

Ainda hoje de manhã, quando a Ritinha estava a deliciada a saborear um gelado de chocolate e nata, enquanto olhava para mim, veio o Martim, pregou-lhe um susto e ela simplesmente deu um salto e gelado veio todinho para cima de mim.
Deixando estes pequenos incidentes de lado, a vida até me tem corre bem.
Tenha o dia inteiro só para  mim, porque com a minha família tem as suas respetivas ocupações.
Os meus pais passam rigorosamente o dia todo nos seus respetivos escritórios e os meus irmãos no colégio.

Assim sendo, durante o dia a casa está à minha própria guarda.
E eu posso dizer era um excelente profissional.  

sábado, 14 de dezembro de 2013

O diário de um espelho (5)

                                              14 de dezembro de 2013


O tempo foi passando...
Por fim chegou o dia da minha família vir finalmente  instalar-se na sua esplendida moradia.
Eram nove da manhã quando um barulho vindo da fechadura fez quebrar o silêncio que se instalara naquela casa …
A porta principal abriu-se lentamente e logo ouvi os meus três irmãozinhos aos gritos e aos saltinhos.
Finalmente, vieram-me fazer companhia…
Até as lágrimas arrasaram os meus olhos…
Estava tão feliz por voltar a vê-los, assim como aos meus pais.  
Estávamos todos tão contentes com a mudança, que os meus pais até esqueceram a trabalheira que foi a mudança e nem repararam em mim.
E eu ali tão perto meu novo local, mas como eu estava igualmente feliz por os ver nem me importei.
Nos dias seguintes, a rotina instalou-se…

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O diário de um espelho (4)

                                                 13 de dezembro de 2013
Olá diário!
Que tal vai o teu dia?
Não imaginas o que senhor arrogante me fez!!
Teve o desplante de me pendurar num daqueles buracos que supostamente era para os quadros!!
Já viste isto!?
Eu sei que já sou velhinho, mas daí a confundir-me com um quadro e pendurar-me numa parede, é de mais!!
Após o meu momento de indignação, decidi relaxar e observar a vista ali de cima.
Foi aí que fiquei perplexo e simultaneamente maravilhado! 
A visão naquele patamar é completamente diferente da que tinha na antiga casa. Na qual, tinha um suporte atrás de mim que me segurava para não cair. Estava no quarto dos meus pais e virado para uma parede branca e sem vida.
Mas agora com este ângulo de visão, sinto-me importante e até feliz.
Pois, não tenho uma, mas sim três paredes que consigo a ver na perfeição e quase por completo, sendo que uma deles agora pertence-me.
Estou colado na entrada,  à direita da porta de entrada, em lugar de destaque e à frente da sala principal que tem duas portas, consegues imaginar?
Mas ainda não te contei o melhor de tudo! 
Quando as ditas portas estão abertas consigo visualizar grande parte da sala. Pelo que me é dado a observar e pela quantidade de móveis que lá instalaram arriscava a apostar que é enorme. 
Ao fundo da sala há uma grande janela que rasga a parede de alto a baixo, que me permite apreciar aquele jardim magnífico pelo o qual me apaixonei logo no primeiro dia.
Agora sim, sento-me extremamente feliz, estou num nível superior, todos os móveis pousados no chão e eu...
 E eu querido diário, nem no chão toco!
Encontro-me suspenso a uma parede pintada com uma cor bastante acolhedora.
Nunca me senti tão realizado, mas para chegar definitivamente ao auge, só falta uma coisa…a minha família.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O diário de um espelho (3)

                                                                       12 de dezembro de 2013

Boa tarde, querido diário!

Como estás desde ao bocado?
Acho que finalmente ultrapassei a minha nostalgia e o medo que o futuro me reserva.
Mas continuando...
Estava eu a comentar os meus receios a um dos meus velhos amigos, o candeeiro, que também foi adotado pela a nossa família e na mesma loja (até ainda me lembro do seu nome “Móveis e Eletrodomésticos Silvas”) quando um dos tais senhores começou a retirar os móveis recentes da nossa divisão deixando -me a mim e a outros meus amigos no mesmo local. Pegaram numa maquineta bastante assustadora com o bico na ponta e começaram a fazer buracos nas paredes. O que fez com que um barulho grandioso e insuportável se instalasse, de tal modo que até me fez estremecer . Supus logo que o sucedido fosse para colocar uns quadros na parede, de modo a dar um pouco de vida aquele local.
Mas à medida que a parede era furada, um pó miudinho começava a dispersar-se  deixando-me quase sem ar. Os senhores ao observarem a situação não se dignaram a fazer nada.  Tal e qual como se eu nem existisse, dá para acreditar?
Quando a barafunda acalmou, pude fechar os olhos e suspira.  Mas num abri e fechar de olhos, umas pegadas fizeram-se ouvir na minha direção...
E um homem, que à primeira impressão parecia ser bastante arrogante, pegou em mim...
 Assustado ainda tentei espernear, mas de nada ou pouco serviu..
Estou com medo, o que será que ele me vai fazer?

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O diário de um espelho (2)

                                                11 de dezembro 2013

Boa tarde querido diário,

 Como passaste a noite? Digo-te já que a minha noite não foi muito agradável, como te tinha dito não havia luz. Ou seja, tive de ficar as escuras.  Sim, porque não consegui dormir logo. Era estranho e desconfortável para mim...
 Estar num sítio que não conhecia e ainda para mais sem a minha família por perto...
 Mas...
Verdade seja dita, quando finalmente adormeci, tive uma ótima noite.
Logo pela manhã, os senhores, que agora já me pareciam mais familiares, começaram a  trazer móveis e mais móveis.
 Alguma da mobília já era minha conhecida, mas outras eram completamente novas.  As mais recentes aquisições vinham com uma película de plástico por cima, para impedir que estas se estragassem ou sujassem.
Já eu, vim completamente despido ... sem uma única proteção a acompanhar-me.
Admito que fiquei com bastante inveja e ciúmes.  Pois aqueles novos móveis eram todos modernaços e deslumbrantes.
E eu…já estava velho e sem brilho, o que fazia com que a probabilidade de um destes dias ser trocado por outro,ser enorme.
Desculpa, mas eu conto-te o resto mais tarde. Não estou a conseguir suportar a possibilidade de isto acontecer e nunca mais ver a minha família.
 Até logo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O diário de um espelho

                                                        10 de dezembro, 2013

Boa tarde, querido diário

 Como tens andado? Peço-te desde já imensas desculpas por não te ter escrito nestes últimos dias.
 Sabes, a minha vida tem andado uma autêntica reviravolta.
A minha família mudou-se recentemente para uma nova casa. Uma casa aparentemente grande, com dois a três andares, penso eu, e com uma garagem privada cujas dimensões não consegui observar pormenorizadamente, pois só a vi de passagem, com muita pena minha.
 No percurso desde o carro até ao interior do meu novo lar, um imenso jardim em redor da casa chamou-se à atenção. Tinha um relvado enorme e era imensamente verde, tal e qual o verde da jarra que me fazia companhia na casa antiga. Nele cresciam bonitas tulipas e  uma árvore enorme que parecia entrar pelo  grande céu azul .
Quando passei por la senti-me no paraíso, só desejava que me deixassem ficar ali, mas não deixaram, só consegui observar uns segundinhos daquele jardim maravilhoso...
Fiquei feliz de ter sido um dos primeiros a ir para aquela casa, o que demonstrou que a minha família se preocupava comigo e fazia questão que eu visitasse a magnífica moradia que escolheram. No entanto, a minha felicidade desmoronou-se quando me apercebi que as remodelações ainda não tinham terminado e que me iam deixar num canto qualquer durante alguns dias…

Bem querido diário, volto a comunicar-te assim que me for possível, visto que está a ficar de noite e ainda não temos eletricidade.