terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um dia com pernas e outro sobre rodas

           Um dia com pernas e outro sobre rodas

 Aparentemente era feliz… mas uma adolescente nunca se sente verdadeiramente feliz, mesmo que o seja. Há sempre algo que nunca está bem…
 Tinha dias melhores outros piores e ainda outros… mas podia-se dizer que tinha uma vida boa e feliz.
Era uma rapariga saudável, tinha uma família animada e que me apoiava. Tinha bons amigos que gostavam de mim.
Mas tinha um defeito… gostava de dormir muito. Aos fins-de-semana a minha mãe chateava-se sempre comigo. Pois dormia tanto que tinham de me acordar para almoçar.
        Aproximadamente duas semanas antes da data do meu aniversário comecei a ficar demasiado ansiosa, pois andava há imenso tempo a convencer os meus pais a oferecerem-me uma prancha de sky para poder aproveitar a neve que se instalava todos os invernos, na minha cidade. Os meus pais não concordavam em dar-me o presente que escolhi, mas eu tinha uma remota esperança que pudessem satisfazer.
Por volta desta altura começaram a surgir-me umas dores, muito estranhas por todo o corpo. Fui ao hospital, mas os médicos diziam que não era nada e mandavam-me para casa. Mas as dores permaneciam e cada vez mais intensas. Regressei diversas vezes ao hospital, mas o diagnóstico era inconclusivo, não se entendiam a origem das dores.
Finalmente, o dia dos meus anos chegou…
Estava ainda a dormir quando os meus pais entram pelo meu quarto e me acordaram. Olhei para eles, ainda ensonada e bastante espantada por me terem acordado tão cedo. Então, percebi, ao deparar-me com enorme embrulho que o meu pai tinha nos braços.
 O tão desejado dia tinha por fim chegado…
 Quase instintivamente tentei saltar da cama, mas algo não o permitiu. Fiz um esforço e nada aconteceu. Parecia que uma força sobrenatural me impossibilitava de qualquer movimento.
Passaram-se apenas alguns segundos e os meus pais já me olhavam e incrédulos. Pois, conhecendo-me como conheciam estavam espantados de eu ainda permanecer deitada, em vez de saltar da cama e rasgar freneticamente o embrulho como era meu hábito, sempre que era presenteada. 

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